domingo, 14 de agosto de 2011

Dia dos Pais...


Este é o meu primeiro dia dos pais longe do meu pai, longe fisicamente é assim q acredito, porque ele mora no meu coração, e meu amor continuará sempre a levar ele comigo, e pensar no meu pai é muito confuso, às vezes eu sinto saudades, outras tristeza, vontade de chorar, mas também sinto alegria, orgulho, e ainda em alguns momentos dou muitas risadas relembrando o passado.
Meu pai amava escrever, amava tecnologia, amava relógios e canetas, temos que incluir os carros e a internet nesta lista, mas nada disso ele amava mais do que nós sua família, disso eu tenho certeza.
E não há nada melhor para postar hoje do que seu poema preferido, eu cresci ouvindo ele declamar Álvares de Azevedo, grande fã deste poeta, grande fã de Raul Seixas, admirador de Che Guevara, meu pai era um homem fantástico, um heroí que me fez mais sábia.
Este sem indubitavelmente era seu poema favorito...

Álvares de Azevedo
LEMBRANÇA DE MORRER

Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.

E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.

Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto o poento caminheiro...
Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro...

Como o desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia,
Só levo uma saudade — é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade — e dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
E de ti, ó minha mãe! pobre coitada
Que por minhas tristezas te definhas!

De meu pai... de meus únicos amigos,
Poucos, — bem poucos! e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.

Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei!... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!

Ó tu, que à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se vivi... foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.

Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu! eu vou amar contigo!

Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz! e escrevam nela:
— Foi poeta, sonhou e amou na vida. —

Sombras do vale, noites da montanha,
Que minh’alma cantou e amava tanto,
Protejei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe um canto!

Mas quando preludia ave d’aurora
E quando, à meia-noite, o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri as ramas...
Deixai a lua pratear-me a lousa!

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